Sou eu ou você?

Seu jeito, seu toque, sua falta de jeito, sua desolação.

Seus medos, sua melancolia, sua euforia, sua despreocupação.

Suas virtudes, seus erros, seus acertos, sua falta de direção.

Seus sonhos impossíveis, seu desapego, sua ansiedade, sua desilusão.

Seus crimes, seu ciúmes, sua alegria, sua falsa solidão.

Tudo isso é você, e sou eu também, que a cada dia mais

Percebo fui feita da mesma forma, modelada no mesmo molde,

Nascida para sentir antes de pensar. 

Te encontro no meio de todas essas suas emoções ímpares mas que te acontecem aos pares, condições gêmeas, e o outro par sou eu, e tudo isso me enlouquece, e eu me aproximo mais do que eu deveria. Eu perco a cabeça, o juízo, a noção do tempo e do espaço, me sinto assim em um laço, é puro redescobrir-me em você. Eu me deparo com o que eu tenho de melhor, mas também vejo refletido o meu pior, o meu lado menos bonito, meu jeito esquisito, de um ângulo que poucos podem ver. Aparece como em um espelho, só que com uma bela rachadura no meio, uma imagem minha  inconfundível mas que traz algo que não se encaixa direito. Sou eu que não me encaixo em você. É você que não se deixa prever e assim românticamente me mantém. Enlaçada, amarrada, refém. Não é para ser. Não devia acontecer. Mas contrariando meu suposto controle desenvolvido, mesmo dizendo que não quero seu colo como abrigo, eu me coloco bem ao seu lado, finjo que recuso o esperado e provoco o inevitável. Sou eu ou você?