UMA PAUSA NA RAZÃO E MEU DESCANSO NA LOUCURA

domingo, 27 de novembro de 2011

A falta

Sinto sua falta.

Falta da presença, do corpo, da voz.
Mas muito mais falta daquele olhar
que você tinha me dado de presente
ao ver em mim o que de melhor eu tenho.

Sinto falta de me permitir a entrega
e de não ter vergonha de dizer o que sinto
nem receio ou medo de qual será sua reação,
mesmo quando eu penso diferente em qualquer situação.

Sinto falta de ter brigado pra valer quando senti raiva,
quando me senti abandonada,
quando não concordava, ao invés de apenas
dizer pouco ou quase nada sobre meus temores.

Sinto falta de conseguir ser eu mesma de novo,
desde que decidi por conta própria
que isto não estava sendo bom para você,
e que por isso eu deveria deixar de ser.

Sinto falta de encontrar uma forma
de voltar a te arrancar sorrisos,
porque para mim se não for assim
não terá mais sentido.

Sinto falta de você e de mim,
do "nós" que estávamos construindo,
e dos nós que foram nos unindo, amarrando um ao outro
com laços de cuidado, verdade, cumplicidade e amor.


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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O fim que não aconteceu

Era para ser o fim.
Era dia de despedida.
Era para acabar o que só começou
antes de amadurecer e virar realmente...amor.
Mas esqueceram-se de quão surpreendente
costuma ser não o amor, mas a vida.
De repente a lucidez e então a certeza
de que haviam outras coisas precisando acabar.
Não a relação, o afeto, a entrega.
Mas a submissão, o esquecimento de quem se é,
o abandono do que se acredita ser essencial
e que por pouco quase se perdeu:
a fidelidade ao que move o ser,
a perseverança aos ideais que alimentam as tentativas,
o respeito a si mesmo em primeiro lugar.
Na tentativa de atender as expectativas alheias,
havia se instalado silenciosamente
a renúncia aos princípios construídos
nas aprendizagens anteriores,
nas relações vividas, por diversas vezes sofridas,
exigindo concessões desnecessárias.
Aprendizagem de que é preciso encontrar o equilíbrio
entre sustentar nosso desejo
e identificar as situações nas quais é preciso abrir mão.
Reivindicar o coração que é nosso por direito,
ou aceitar as limitações, desistindo de ter razão.
Mas jamais, nunca, cobrar o que se dá de graça,
o que é semeado no vento*,
que Drummond* chamou de amor.
E diante do fim que não aconteceu,
a surpresa feliz do reencontro com o eu,
na hipótese de que o amor próprio,
nome usado para traduzir o desafio
de se lançar sem se esquecer e se entregar sem se perder,
permita ao meu coração continuar amando você.

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