UMA PAUSA NA RAZÃO E MEU DESCANSO NA LOUCURA

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O fim que não aconteceu

Era para ser o fim.
Era dia de despedida.
Era para acabar o que só começou
antes de amadurecer e virar realmente...amor.
Mas esqueceram-se de quão surpreendente
costuma ser não o amor, mas a vida.
De repente a lucidez e então a certeza
de que haviam outras coisas precisando acabar.
Não a relação, o afeto, a entrega.
Mas a submissão, o esquecimento de quem se é,
o abandono do que se acredita ser essencial
e que por pouco quase se perdeu:
a fidelidade ao que move o ser,
a perseverança aos ideais que alimentam as tentativas,
o respeito a si mesmo em primeiro lugar.
Na tentativa de atender as expectativas alheias,
havia se instalado silenciosamente
a renúncia aos princípios construídos
nas aprendizagens anteriores,
nas relações vividas, por diversas vezes sofridas,
exigindo concessões desnecessárias.
Aprendizagem de que é preciso encontrar o equilíbrio
entre sustentar nosso desejo
e identificar as situações nas quais é preciso abrir mão.
Reivindicar o coração que é nosso por direito,
ou aceitar as limitações, desistindo de ter razão.
Mas jamais, nunca, cobrar o que se dá de graça,
o que é semeado no vento*,
que Drummond* chamou de amor.
E diante do fim que não aconteceu,
a surpresa feliz do reencontro com o eu,
na hipótese de que o amor próprio,
nome usado para traduzir o desafio
de se lançar sem se esquecer e se entregar sem se perder,
permita ao meu coração continuar amando você.

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