Seu jeito, seu toque, sua falta de jeito, seu gigante coração.
Seus medos, sua melancolia, sua euforia, sua habilidade para lidar com a frustração.
Seus erros, seus acertos, suas virtudes, sua capacidade de sedução.
Seus sonhos, seu desapego, sua pressa de viver, sua despreocupação.
Seus crimes, seus desejos disfarçados, sua alegria contagiante, sua falsa solidão.
Tudo isso é você, e sou eu também, que me pego pensando demais, logo eu que fui nascida para sentir antes de pensar.
Te encontro no meio de todas essas suas emoções ímpares, que fazem de nós um par, e tudo isso me faz transbordar, e eu me aproximo mais do que eu deveria.
Perco a cabeça, o juízo, a noção do tempo e do espaço; me sinto assim envolvida em um laço, redescobrindo-me em você.
Eu me deparo com o que tenho de melhor, mas também vejo refletido o meu pior, o meu lado menos bonito, meu jeito esquisito, de um ângulo que poucos podem ver.
Aparece como em um espelho, só que com uma bela rachadura no meio, uma imagem minha inconfundível mas que traz algo que não se encaixa direito.
Sou eu que não posso, não devo me encaixar em você.
Você não se deixa prever e assim romanticamente me surpreende e me prende, como em uma armadilha. Refém de mim mesma, dos meus desejos que não consegui controlar, tento me convencer de que não era para ser, não devia acontecer. Mas, contrariando meu suposto controle desenvolvido, mesmo dizendo que não quero seu colo como abrigo, eu me posiciono ao seu lado, finjo que recuso o esperado e acolho o inevitável: paradoxo.