E por isso, só por tudo isso,
Não me venha com carícias, desculpas, surpresas.
Não me lembre os erros, as faltas, a pouca leveza.
Não pronuncie palavras nem declare amores desleais.
Não faça cobranças, nem ressuscite lembranças que não sejam reais.
Não me olhe com desapontamento e eu retribuirei não olhando para trás.
Não me julgue por um momento,
eu sou muitas e com todas já fiz as pazes.
Aceite o que o meu coração está dizendo,
eu preciso de novos ares.
E ele sabe do que se trata,
porque já atravessou muitas fases.
Eu nasci para o risco, a entrega, não me contento em olhar do cais.
Quero o mar revolto, as ondas vindo e indo, aprender seus sinais.
Quero mergulhar de cabeça nesse mar que me chama!...
Quero o cheiro do sal no corpo, quero mais do que mesa e cama.
Quero corpo e alma se entregando a natureza,
Não ter controle sobre ela, admirar sua beleza.
Beleza na simetria, na cumplicidade, na integração entre os seres.
Beleza nas lições para a humanidade ininterrúpitas vezes.
Quero de novo o assombro
diante da vida, da música, da poesia,
Quero acima de tudo a alegria!
O coração livre permitindo-se uma inspiração sem fim,
E as gentes todas com corações delicados
o mais perto possível de mim!
Eu preciso me reconectar com o Universo.
Com meu eu regresso, com meus próprios versos.
Me deixe só que a solidão me refaz.
Me deixe quieta que eu preciso paz.