UMA PAUSA NA RAZÃO E MEU DESCANSO NA LOUCURA

sábado, 19 de outubro de 2024

PARADOXO


Seu jeito, seu toque, sua falta de jeito, seu gigante coração.

Seus medos, sua melancolia, sua euforia, sua habilidade para lidar com a frustração.

Seus erros, seus acertos, suas virtudes, sua capacidade de sedução.

Seus sonhos, seu desapego, sua pressa de viver, sua despreocupação.

Seus crimes, seus desejos disfarçados, sua alegria contagiante, sua falsa solidão.

Tudo isso é você, e sou eu também, que me pego pensando demais, logo eu que fui nascida para sentir antes de pensar.

Te encontro no meio de todas essas suas emoções ímpares, que fazem de nós um par, e tudo isso me faz transbordar, e eu me aproximo mais do que eu deveria.

Perco a cabeça, o juízo, a noção do tempo e do espaço; me sinto assim envolvida em um laço, redescobrindo-me em você.

Eu me deparo com o que tenho de melhor, mas também vejo refletido o meu pior, o meu lado menos bonito, meu jeito esquisito, de um ângulo que poucos podem ver.

Aparece como em um espelho, só que com uma bela rachadura no meio, uma imagem minha inconfundível mas que traz algo que não se encaixa direito.

Sou eu que não posso, não devo me encaixar em você.

Você não se deixa prever e assim romanticamente me surpreende e me prende, como em uma armadilha. Refém de mim mesma, dos meus desejos que não consegui controlar, tento me convencer de que não era para ser, não devia acontecer. Mas, contrariando meu suposto controle desenvolvido, mesmo dizendo que não quero seu colo como abrigo, eu me posiciono ao seu lado, finjo que recuso o esperado e acolho o inevitável: paradoxo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Segredos

Palavras geram vínculo
Busca de harmonia
Pulsão latente
Entrega que não silencia

Grita a alma e abafa o medo
A essência quer ser percebida
A cumplicidade abraça os segredos
O maior deles: a vida é finita!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Penhasco

Perguntas suspensas entre o céu e a terra
no mar velado da entrega:
"onde está o fio?"
"cadê o começo?"
"tem saída?"

Perdi meu travesseiro, minha âncora, meu domínio ordinário de mim mesma.

Caí da cama, da canoa, do buraco da nuvem, do salto alto.

Pulo mal calculado.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Agora

Do pouco que vejo
muito desejo,
há tempo e espaço
reservados
para o que almejo.

Do muito que sinto
pouco transpareço,
sozinha enfrento
meus medos,
e pago o preço.

Do tudo que existe do lado de dentro
muito mais insiste do lado de fora,
avisando que o tempo é agora,
e que a vida,
turbulenta ou serena,
não demora.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Amor real

Não um conto de fadas, melhor que isso.
Amor com desafios e riscos.
Com os pés no chão,
Priorizando a verdade.
Buscando viver a cumplicidade.

Sem fantasias nem ideais inalcançáveis.
Apenas sendo disponíveis, leves, sociáveis.
Assim vem se fazendo este eu-você-nós dois.
Respeitando as diferenças e aprendendo a relacionar.
Curando as feridas próprias, e as do outro procurando amenizar.

Nossos corações, 
do repouso que almejam, 
já descobriram o endereço.
Ousemos.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ora bolas

O clima hoje está igualzinho a mim:
Não sei se sou sol ou se sou chuva.
Ora sorrio no espelho para a mulher corajosa,
ora preciso abraçar a menina insegura.


sábado, 26 de maio de 2012

Assombro

Me pergunto se todas as pessoas desse mundo sentem pelo menos uma vez na vida isso, se é possível sentir outras vezes, como fica a vida desse momento em diante, o que passamos a aceitar, o que nunca mais vamos suportar, o que muda dentro e fora da gente na realidade, o que não muda mesmo que nos empenhemos, por que essa sensação de não saber mais direito quem se é, e o que se faz depois que passa. Essa bruta e doce sensação de estar perdido, e ao mesmo tempo uma certeza que dói de tão precisa, dizendo que finalmente chegou-se em casa.



Ressurreição

Faça as pazes com o tempo
E se disponha a aprender as lições ao meu lado.
Não mais se permita entristecer,
Agradeça o que há por viver.
Caminhe sem medo, em paz.
Me queira do mesmo jeito, me ame mais.




sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sexta-feira da "paixão"

Sei que hoje ainda é dia de pensar nas coisas que queremos que sejam sepultadas em nosso íntimo, mas acordei com uma vontade danada de viver, de ser, de fazer... talvez quem sabe um pouco do sentimento que acompanhou Jesus após passada a fase do medo de cumprir sua missão... algo como um desejo de "já que tem que ser feito, que seja logo". Usando uma expressão bíblica, "caia por terra" rápido tudo o que não traz amor, alegria,serenidade, sabedoria, equilíbrio, paz, e ressuscite em meu coração a Nova Vida! Chega de dor e lágrimas. A pedra na entrada do túmulo é grande e pesada, retirá-la exige determinação e coragem. Só ressuscita quem vai à luta.



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sexta-feira, 9 de março de 2012

Transbordamento

Então fiquei
distante, por estar mais perto do que deveria,
desobediente, por querer mais do que eu poderia,
só, por não saber, com tanto amor, o que eu fazia.



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